quarta-feira, 21 de abril de 2010

Psicanálise

Em cada homem, dez, ou mais ainda;
Em cada homem, nove disfarçados,
Em todos nove, na voz, amordaçados,
Do homem que convém palco e berlinda.

Uma porta da cave aferrolhada
A malícia do sono desmantelada:
Fugidos do segredo e da cancela,
Mostram os nove o dez igual a nada.

Depois de bem torcido e recalcado,
Sacode o dez a pele e os direitos,
Disfarçando, subtil, rugas e jeitos,
Do que foi o seu corpo analisado.

Velhaca mascarada, ou sem sentido
De sombras a fingir de corpos vivos,
Cicatrizes tapadas de adesivos,
O falso dez, o zero, o um perdido.

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